Racionalidade


Era uma sala de cursinho pré-vestibular, o silêncio dominava o ambiente, todos sabem o que quer ali, era uma aula comum de geografia, em sua aula o professor explicava que Rio São Francisco nasce na serra da canastra e percorre o Brasil de uma ponta à outra, desvia obstáculos, abre caminhos e finalmente chega ao Oceano Atlântico. Até então tudo bem, uma aula comum de geografia. Mas o professor não podia perder a oportunidade de ensinar a seus alunos algo indescritível, algo sobre a vida para a vida..
- Se um rio, um ser irracional, nasce tão pequeno, cresce lentamente, segue seu rumo contornando obstáculos, adquirindo volume, encontrando-se com outros rios, ficando mais veloz, mais forte... Atravessa o país inteiro, de cada cantinho que passa leva um pouco com si, por onde passa deixa algo e sempre sai inteiro. Ele faz seu próprio curso, se não dá por um lado ele tenta do outro, mas NADA é capaz de impedi-lo agora, ele sabe aonde quer chegar. E é isto que faz a diferença, SABER, isto o faz chegar ao seu destino final, no seu objetivo. Deságua-se no oceano tornando-se grande...
Então, porque você, um ser RACIONAL, não consegue alcançar seus objetivos? O que lhes impede? Um rio é mais forte que você?
Silêncio.
A turma esta pensativa agora.
O que é isso? Estou vendo uma mão? É isso mesmo! Eu vejo uma mão surgindo tímida lá no fundo. Como pode? Alguém tem a coragem de argumentar?
É ela pretende falar! O professor a olha e permite-lhes a fala, com a voz tremula ela começa:
-Não seria justamente isso que nos impede? A racionalidade?
Agora todos estão olhando-a. Ela continua agora em alto e bom som...
- O rio na consegue ver as dificuldades, ele não sabe o que vem pela frente, ele não escuta aos que dizem que ele não consegue, ele não mede esforços, ele nem sequer se pergunta se vai levar muito tempo ou se ele é capaz, ele só sabe de duas coisas: Ele tem um objetivo, e tem que chegar lá.
Então ele segue, vai em direção ao seu foco e assim alcança-o.
O professor está estático!
-Mas nós não! Temos a “mania de pensar” e quando imaginamos a possibilidade de haver um obstáculo, desistimos. Somos covardes, mas a culpa não é nossa, a racionalidade nos torna assim! Ah! Quem me dera não pensar, já imaginou? Visar um ponto e seguir até ele sem dúvidas? Sem temer? É isso seria o máximo, mas desculpem-me sou um escravo. Escravo de uma mente cruel que foi treinada para temer.

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